segunda-feira, 29 de agosto de 2011

VHIVENDO



Diagnóstico de crianças e adolescentes

O diagnóstico da infecção pelo HIV transforma a vida de qualquer um. Quando se trata de uma criança, o cuidado deve ser maior. Dependendo da idade, a revelação é fundamental para o sucesso do tratamento desses jovens. Família e equipe médica precisam respeitar o momento de cada um, levando em conta o nível de informação, o contexto psicossocial e familiar.
Identificar o melhor momento e a forma de contar a soropositividade é um desafio. Não basta contar o diagnóstico. É preciso explicar todas as mudanças que a doença traz. Atualmente, é consenso entre os profissionais de saúde que a criança deve saber da infecção o quanto antes. O objetivo é chegar à adolescência consciente da doença, das suas responsabilidades e dos seus direitos.
A família ou os responsáveis pelas crianças e adolescentes soropositivos tendem a adiar a revelação, mesmo havendo indícios de que esses jovens já sabem ou desconfiam de sua condição. São várias as razões que levam os cuidadores a não contarem:
  • Imaturidade da criança para compreender a doença;
  • Possibilidade de reação emocional negativa;
  • Medo do estigma;
  • Receio de que a criança/adolescente fale sobre sua condição para outras pessoas, quebrando o sigilo e expondo a história familiar para terceiros (como a soropositividade da mãe e/ou dos pais);
  • Sentimentos de culpa pela transmissão do HIV;
  • Despreparo do adulto para falar sobre a doença.

Atendimento prejudicado
Quando a criança ou o adolescente não sabem da doença, o atendimento médico pode ficar prejudicado, pois a equipe médica não conversa abertamente sobre a aids e suas implicações na vida. Além disso, compromete a adesão e o autocuidado, já que o paciente não se cuida corretamente.

Os adolescentes precisam conhecer sua sorologia e ser informados sobre os diferentes aspectos e consequências da infecção para se tratar de uma forma adequada. É importante nesse processo o apoio da família, amigos e dos médicos, porque ajuda o jovem a compreender sua condição e se fortalecer apesar da nova realidade.

crianças e adolescentes

  • Crianças, filhas/os de soropositivos, vivem em ambientes onde pode haver maior exposição a infecções como tuberculose e hepatite B. Por isso, a vacinação contra a tuberculose e contra o vírus da hepatite B deverá ser iniciada de preferência na maternidade, nas primeiras doze horas após o nascimento. É importante vacinar crianças expostas já sabidamente não infectadas contra a varicela para...
  • Quando se fala de tratamento entre crianças e jovens, os adultos assumem um papel de grande responsabilidade. Principalmente na infância, familiares e cuidadores devem estar muito bem informados para ajudarem a criança a seguir corretamente as recomendações médicas, ou seja, a aderir ao tratamento.
    Para que isso dê certo, o envolvimento da criança ou adolescente é fundamental. Explicações sobre o tratamento...
  • O tratamento com medicamentos antirretrovirais em crianças e adolescentes geralmente começa com uma combinação de três remédios. Ao planejar o início da terapia, deve-se considerar:
    • Possibilidade de adesão a longo prazo, assim como seu monitoramento,
    • Impacto sobre o bem-estar e a qualidade de vida do paciente, com a escolha de remédios indicados para crianças e adolescentes,
    • Integraç...
  • O diagnóstico da infecção pelo HIV transforma a vida de qualquer um. Quando se trata de uma criança, o cuidado deve ser maior. Dependendo da idade, a revelação é fundamental para o sucesso do tratamento desses jovens. Família e equipe médica precisam respeitar o momento de cada um, levando em conta o nível de informação, o contexto psicossocial e familiar.


"Nem tudo que se enfrenta pode ser modificado, mas nada pode ser modificado até que seja enfrentado."
DEPOIMENTO:
TARSO ARAUJO
DE SÃO PAULO
Tenho HIV desde que me entendo por gente. Meu pai e minha mãe contraíram o vírus. Quando nasci, meu teste deu negativo. Aos quatro anos, comecei a ter febre e feridas. Minha mãe repetiu o exame. Aí deu positivo.
Nasci sabendo o que é AIDS. Quando cresci, conheci o preconceito. Isso me deixou traumatizada.
Muita gente acha que sou virada, alguém sem limites, que faz o que quer, só por causa da doença. Mas não sou. Gosto de sair com amigas, tomar sorvete, navegar na internet e tomar tereré [tipo de chimarrão] em casa.
Só converso abertamente sobre a doença com as amigas mais próximas. Tem algumas amigas que sabem, mas não gostam de conversar sobre o assunto. Outras querem se informar.
Fico com medo de contar para as pessoas, nunca sei qual vai ser a reação. Tenho medo de ser discriminada. Se ofereço alguma coisa a um colega, ele olha estranho. Acho que é porque sou SOROPOSITIVA. Não sei se é, o trauma me faz pensar que sim.
PIADA
Durante um tempo tomei uma medicação que me deixava amarela. Todo mundo queria saber. Achavam que era contagioso, foi polêmico na escola. Muita gente se afastou, mesmo sem saber que eu era SOROPOSITIVA. Imagina se soubessem que o remédio era para HIV...
Uma vez, uma menina da turma tirou uma foto de mim com o celular. Uma outra que sabia falou que o aparelho ia pegar AIDS. Todo mundo ficou olhando para mim...
Disfarcei e fui na secretaria. A coordenadora veio até a sala, trancou a porta com os alunos dentro e perguntou se alguém ouviu a menina falar aquilo. Ninguém falou nada, ela saiu, ficou por isso mesmo. Ela me expôs mais ainda, o comentário tinha sido num canto. Aí, quem tinha dúvida passou a ter certeza. Fui chorando pra casa.
Preconceito é um ato de maldade. Sempre tem piada. No cursinho, um professor virou para o outro e disse: "Como você está magro! Se eu pegar AIDS vou emagrecer assim". Todo mundo riu. Professores, de biologia, ainda por cima, não deviam fazer esse tipo de comentário.
Um dia, saí com um menino que estava me paquerando. Ficamos. Ficamos mais uma vez, ele sumiu. Falou para os amigos que não ia mais ficar comigo porque eu tinha AIDS. Chorei muito. Por que não veio falar para mim?
Não falo que sou SOROPOSITIVA. Quando perguntam, sou sincera. Não gosto de mentir.
Também não falo sobre minha vida sexual. Só fico, não namoro. Agora estou meio encalhada, só estudo.
Muita gente se surpreende quando descobre que tenho o vírus. Acham que temos marcas físicas, que a AIDS está na cara. Não é assim.
Antes, não conseguia comer direito, meu nariz sangrava por causa de plaquetas baixas, fui internada várias vezes. Quando tinha dez anos, pesava 24 quilos e tomava medicação líquida.
Quando ganhei peso suficiente para trocar de medicação, passei para comprimidos. Minha saúde melhorou. Hoje, tomo três remédios, duas vezes ao dia.
Falto na aula, às vezes, para fazer exames e ir ao médico em Cascavel (PR), onde frequento um centro especializado. Os médicos de lá me acompanham desde pequena e têm uma relação muito boa e diferente comigo.
DESABAFO
Também vou ao psicólogo desde pequenininha, nem me lembro desde quando. Vou três vezes por mês.
Ele é muito importante, porque, quando converso, desabafo. E ele sempre me ajuda a ver coisas que não consigo, me dá conselhos. É como um bom amigo.
Faço parte da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens que Vivem com HIV/AIDS. Acompanho bastante os e-mails do grupo. No fim do ano passado, a gente perdeu um amigo.
Sou superprotegida pelos meus tios, que cuidam de mim. Tenho que me alimentar bem, tomar remédio na hora certa, para ficar bem como estou. Tento ser feliz. Tem dias de "deprê", mas logo passa e eu vou à luta.

NÓS NÃO VAMOS MODIFICAR O MUNDO,MAS ELE TERA QUE SE ADAPTAR AS MUDANÇAS!!!!
BEIJO NA BOCA E FIQUEM COM DEUS!!!!!

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