domingo, 16 de outubro de 2011

VHIVENDO COM HIV

Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é "muito" para ser insignificante.

     AIDS - Perfil da doença muda no Estado de GOIAS


O aumento da sobrevida dos soropositivos e redução do número de transmissão de mãe para feto são pontos que podem ser comemorados no dia 1º de dezembro. Entretanto, a interiorização e feminilização do doença em Goiás exigem alerta.
Hoje, 1º de dezembro, é comemorado o Dia Mundial de Combate a Aids. A história da Aids vem sendo alterada no País e para concretizar ainda mais o combate aos efeitos da doença o tema para este ano é “Viver com Aids é possível. Com preconceito não”. Pelo menos dois fatores podem ser comemorados: a terapia anti-retroviral tem retardado a evolução da infecção, melhorando a qualidade de vida dos doentes; e a quimioprofilaxia do recém-nascido com o AZT e sua alimentação desde o nascimento com a fórmula infantil têm reduzido a transmissão vertical (de mãe para feto).
O perfil epidemiológico da Aids em Goiás vem se modificando desde os primeiros casos notificados no inicio da década de 80. Na primeira metade desse período, a Aids tinha como principais formas de transmissão: a sexual, entre homens que fazem sexo com homem; a sanguínea, por transmissão de hemoderivados e o uso de drogas injetáveis. No final da década de 80 e início dos anos 90, a epidemia assumiu um novo perfil com a transmissão heterossexual passando a ser a principal via de transmissão do HIV, acompanhada de uma expressiva contribuição das mulheres no aumento da incidência da epidemia (Ministério da Saúde, 2002).
Em Goiás, foram registrados de 1984 até outubro de 2009, segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), 9.248 casos em adultos (maior de 13 anos). Nos últimos cinco anos a doença tem se mantido num patamar de aproximadamente 600 casos por ano. Enquanto a taxa de incidência de Aids por 100 mil habitantes no ano passado era de 7,04, no último semestre esse número caiu para 2,27*. Desse total 67% eram do sexo masculino e 32,96% do sexo feminino.
Outro ponto de destaque na análise desse ano é o aumento da incidência no grupo feminino, que tem contribuído crescentemente com a epidemia no Estado. Uma vez que em 1988 para cada 11 casos notificados no sexo masculino havia 1 caso no sexo feminino; em 2006 essa proporção passou a ser de 1,5: 1; já em 2009 passou de 2 casos notificados no sexo masculino para 1 caso no sexo feminino, retratando que os trabalhos desenvolvidos de prevenção e conscientização das mulheres nos últimos 2 anos tem contribuído para alterar este perfil.
Faixa etária - Do total de casos acumulados entre 1984 a 2009, a faixa etária que concentrou o maior percentual de casos foi a de 20 a 34 anos com 52% dos casos, seguida da faixa de 35 a 49 anos com 36,7% dos casos registrados. Na população com mais de 65 anos de idade este percentual foi de 0,9% o que apresenta considerável aumento nesta faixa-etária comparado aos outros anos.
A Taxa de incidência na faixa etária de Aids adulto de 20-34 anos nos períodos de 2007, 2008 e 2009 foi de 16,13; 13,47; 4,15, respectivamente. Na faixa etária de 35-49 anos foi de 1,97 em 2007; 16,90 em 2008; e 6,58 em 2009. Na faixa etária de 50-64 anos foi de 9,64 em 2007; 9,43 em 2008; e 2,91 em 2009. Em 2007 a incidência na faixa etária de 65-74 anos foi de 3,74; em 2008 de 2,16 e em 2009 de 1,74 por 100.000 hab. Em pessoas acima de 80 anos e mais a incidência foi de 1,51 sendo que de 2007 e 2008 não havia nenhum caso notificado.
O número de casos acumulados em gestantes HIV+ de 1998 a 2009* é de 1.068 casos. Em menores de 13 anos o total acumulado de casos é de 233, sendo 76% por transmissão vertical. A taxa de incidência em menores de 13 anos no ano de 2007 foi de 0,52; de 0,31 em 2008 e de 0,15 em 2009 (Fonte:SINANW/SSIS/GVE/SPAIS/SES-GO). A descoberta e o tratamento precoce da gestante positiva para o vírus HIV durante o pré-natal têm contribuído para a redução da transmissão vertical da doença no Estado.
Do total de 7.804 casos registrados entre 1984 a 2006, foram a óbito 3.015 pacientes. A taxa de mortalidade em 2004 foi de 3,38/100 mil , em 2005 de 3,38 e em 2006 de 3,8.
Interiorização - Observa-se um processo de interiorização nas regiões metropolitanas, nos últimos anos, com o maior crescimento da epidemia nos municípios com menos de 50.000 habitantes (Ministério da Saúde 2002). Em 1989, 65,08% dos casos notificados em Goiás concentrava-se na capital. Ainda nesta década, no ano de 1985, foi registrado o primeiro caso em um município do interior do Estado. Hoje, o percentual de casos na capital reduziu para 35% enquanto o percentual dos municípios do interior aumentou de 34,92% para 65% neste mesmo período.
A mudança de perfil epidemiológico do Estado reflete a interiorização e feminização da doença seguindo a tendência de estabilização observada no país. No entanto, mesmo com o aumento da sobrevida e a melhoria na qualidade de vida do paciente, ainda não há cura para a doença.
Acompanhamento - Atualmente o Estado de Goiás possui 16 unidades de Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) que realizam atividades educativas de promoção e prevenção das DST/HIV/Aids, aconselhamento pré e pós-teste, exames de HIV, sífilis e hepatites virais. Estão distribuídos nos seguintes municípios: Anápolis, Aparecida de Goiânia, Campos Belos, Goiânia, Itumbiara, Jataí, Luziânia, Rio Verde, Santo Antônio do Descoberto, Catalão, Ceres, Formosa, Caldas Novas, Planaltina, Valparaíso e Uruaçu.
O Estado conta ainda com oito unidades de atendimento aos portadores de HIV/AIDS, denominadas de Serviço de Assistência Especializada - SAE, que oferecem o tratamento ambulatorial e estão localizados nos municípios de Goiânia, Anápolis, Rio Verde, Itumbiara, Jataí, Caldas Novas, Santo Antônio do Descoberto e Ceres. O Estado conta com o Hospital de referência estadual – Hospital de Doenças Tropicais - HDT. No atendimento às Gestantes HIV+, a referência estadual é o Hospital Materno Infantil – HMI.
Fonte: SES-GO--

SUS oferecerá teste rápido para sífilis

Ministério da Saúde já capacitou 350 multiplicadores para treinar profissionais de saúde para a testagem rápida. Até o final do ano, serão 680 técnicos

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferecerá teste rápido de triagem para o diagnóstico de sífilis. Até o fim deste ano, o Ministério da Saúde vai adquirir 392 mil kits para implementação da testagem na rede pública. A ação faz parte da celebração do Dia Nacional de Combate à Sífilis, realizado todo terceiro sábado de outubro.
O Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais da Secretaria de Vigilância em Saúde já capacitou 350 multiplicadores para treinar profissionais de saúde para implantar a testagem rápida. Até o final do ano, 680 técnicos estarão capacitados a orientar os serviços locais sobre como realizar o exame.
“Com a Rede Cegonha, o ministério quer garantir que 100% das gestantes e seus parceiros sexuais, tenham acesso ao exame de sífilis e, quando necessário, ao tratamento”, afirma o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha. A Rede Cegonha reúne a integração de serviços e medidas para a atenção à gestante e seu bebê, desde o planejamento familiar aos primeiros dias após o parto.
No Brasil, dados do Ministério da Saúde mostram que a prevalência de sífilis em parturientes encontra-se em 1,6%, cerca de quatro vezes maior que a prevalência da infecção pelo HIV.
“O esforço é para conseguirmos eliminar a forma congênita da doença, aquela que é transmitida de mãe para filho, até o ano de 2015. Esses casos são inaceitáveis e revelam dificuldades de acesso a um pré-natal de qualidade que precisam ser superadas rapidamente”, diz o Secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa.
De 2005 a 2010, foram notificados 29,5 mil casos de sífilis em gestantes, no país. A maioria dos casos no período ocorreu nas Regiões Sudeste e Nordeste, com 9.340 (31,6%) e 8.054 (27,3%) de casos, respectivamente. No ano de 2009, a taxa de detecção para o país foi de três casos por 1.000 nascidos vivos, sendo que as maiores taxas estão nas regiões Centro-Oeste, com 5,2 e Norte, com 4,5.
De 2000 a 2010, foram detectados no Brasil 54.141 casos de sífilis congênita em crianças menores de um ano de idade. Do total acumulado nesse período, a Região Sudeste registrou 24.260 (44,8%) casos; a Nordeste, 17.397 (32,1%); a Norte, 5.223 (9,6%); a Sul, 3.764 (7,0%); e a Centro-Oeste, 3.497 (6,5%).
Sinais e sintomas - A sífilis é uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema pallidum e pode se manifestar de forma temporária, em três estágios. Os principais sintomas ocorrem nas duas primeiras fases, período em que a doença é mais contagiosa. O terceiro estágio pode não apresentar sintoma e, por isso, dá a falsa impressão de cura da doença.
Com o desaparecimento dos sintomas, o que acontece com frequência, as pessoas se despreocupam e não buscam diagnóstico e tratamento. Sem o atendimento adequado, a doença pode comprometer a pele, os olhos, os ossos, o sistema cardiovascular e o sistema nervoso. Se não tratada, pode até levar à morte. Saiba mais sobre a doença.
Além da transmissão vertical (de mãe para filho), a doença pode ser transmitida de uma pessoa para outra durante o sexo sem camisinha com alguém infectado e por transfusão de sangue contaminado. O uso da camisinha em todas as relações sexuais e o correto acompanhamento durante a gravidez são meios simples, confiáveis e baratos de prevenção.
Estimativa OMS - Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano no mundo ocorrem aproximadamente 12 milhões de novos casos da doença. No Brasil, as estimativas da OMS de infecções de sífilis por transmissão sexual, na população sexualmente ativa, a cada ano, são de 937 mil casos.
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DEPOIMENTOS:

As linhas tortas do livro de Jó

20 de julho de 1989: Edeny está sentada na sala de casa, em São Mateus (Espírito Santo). Vê televisão como quem não vê, distraída, quando a notícia de última hora interrompe a programação: Lauro Corona acaba de falecer, vítima da aids. Mas, no lugar do ator, Edeny vê o rosto do irmão Edson, a quem carregou no colo como se fosse filho. Mas Edinho não tem aids. Ou tem? Será essa a explicação para as repetidas crises de pneumonia? Evangélica, Edeny interpreta a visão como um sinal do céu. E levaria os dois anos seguintes preparando-se para a notícia que afinal chegou com o telefonema de uma médica, amiga da família: Edinho tem aids. O céu estava certo.
Edinho tinha tudo para ser a quarta tragédia de uma família que nunca perdeu a fé, apesar de tantas vezes testada – como Jó, o paciente e fiel patriarca bíblico. Manoel e Dorvalita botaram nove filhos no mundo. José morreu com sete dias de vida, vítima justamente do mal de sete dias. Eulina, com pouco mais de um ano, por causa do sarampo. Erni teve, aos 3 anos de idade, a morte mais trágica. O pai guardava em casa gasolina, para o motor, e querosene, para a lamparina. Uma noite, cansado, trocou os combustíveis. A lamparina explodiu e Erni morreu queimada. Manoel arrastou a culpa até o leito de morte, mas nunca esmoreceu, como bom patriarca. E quando decidiu fazer da casa um hotelzinho simples, mandou pintar na fachada: Pensão Alegria.
Com a morte de Erni, o casal resolveu dar um tempo na procriação. Foram nove anos, até que se iniciasse a segunda leva de filhos. Edeny foi a caçula, até que chegou Edinho, o único a precisar de auxílio médico para nascer. A parteira não dava conta, e coube a Edeny, então com 6 anos, a tarefa de convocar o Dr. Péricles. Depois, montou plantão na porta fechada do quarto, ouvido colado à porta, olhos grudados no buraco da fechadura, até que os adultos descobrissem o logro e lhe impedissem a visão.
Edson era lindo, o bebê mais bonito que Edeny jamais vira em seis anos de vida. Nasceu com o cabelo tão grande que a mãe foi obrigada a cortar, para descobrir-lhe os olhos. Virou o bonequinho de Edeny, a quem cabia cuidar das roupinhas do caçula. E foi justamente a roupinha, enrolada em várias camadas, que amorteceu a queda e evitou o pior quando Edeny rolou escada abaixo com o recém-nascido no colo.
Os dois cresceram mais que irmãos: amigos. E foi por isso que Edeny chorou tanto ao receber o sinal do céu, em forma de notícia urgente na tevê. E foi por isso que dois anos depois, até o diagnóstico, e pelas duas décadas seguintes, passaria a viver como se tivesse uma espada sobre a cabeça.
Os médicos foram implacáveis: Edson tinha poucos meses de vida. Edeny e os familiares renovaram a fé, nas orações e nos medicamentos. Estavam mais uma vez sendo testados. Duplamente testados: além de tudo, o filho-irmão revelara-se homossexual; era portanto, à luz da doutrina, um pecador. Mas a religião que aponta o dedo para o pecador é a mesma que ensina a amar o pecador. Edinho decidiu deixar a igreja, mas foi amado como nunca. Contrariou os vereditos dos médicos e viveu meses, anos, duas décadas. Está vivo e bem. Sofreu com os efeitos colaterais dos medicamentos que lhe adoeceram o baço e o fígado e lhe roubaram o sono. Negou o tratamento por três vezes, mas voltou, graças sobretudo à persistência de Edeny. Quase morreu muitas vezes, a última quando surgiram os sarcomas. A salvação estava nos medicamentos importados dos Estados Unidos e Europa: US$ 2.500 por mês. A família recorreu à Justiça, mas a doença caminhava mais rápido que o processo. Edeny propôs venderem a casa, para custear o tratamento. Edinho não aceitou: “Se fizermos isso, deixaremos de ajudar aqueles que não podem pagar, e que dependem da minha vitória para abrir caminho”.
Os medicamentos chegaram a tempo, e Edinho abriu o caminho para os que não podiam pagar. Tornou-se voluntário: visita soropositivos de casa em casa. Conversa, transmite confiança, faz orações, ajuda a aplicar medicamentos injetáveis. Edeny muitas vezes o acompanha nessa jornada.
Edinho vive hoje com o companheiro. A igreja o recebeu de volta; em troca, ele e o homem que ama vivem em celibato. Por outro lado, o pastor que antes se referia à aids como “castigo” para os pecadores, hoje prefere termo mais brando: “consequência”.
Mas se a vida e o sofrimento ensinam, o que Edeny aprendeu nestas duas décadas sob o fio da espada? Sobretudo a aceitar diferenças e amar os diferentes. Hoje, quase não julga – e quando o faz é para refletir, entender, absolver. Ela sabe que o preço foi muito alto, e a pior parcela paga pelo irmão querido, mas afirma que todos cresceram na adversidade. Tornaram-se pessoas melhores.
Moral da história: depois de anos e anos frequentando a igreja e lendo a Bíblia, Edeny finalmente aprendeu a amar o próximo. E quem ensinou o verdadeiro sentido das palavras de Cristo foi um homem que amava outros homens, e que por isso foi chamado de pecador.
Como se Deus, de fato, escrevesse certo por linhas e mãos tortas.    Não ter preconceito não basta é preciso usar sempre camisinha!!beijo na boca e até!!!                                       

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