terça-feira, 12 de junho de 2012

Qualidade da Atenção

                                                                                                 
Qualidade da Atenção                                          Existem necessidades específicas
das pessoas que vivem com
HIV e aids (PVHA) que devem
ser observadas pelos serviços
de saúde. Um atendimento
de qualidade pressupõe ações
tecnicamente qualificadas e
organizadas de forma a respeitar
a diversidade e a promover
uma relação de confiança entre
usuários e equipe de saúde.
Para tanto, os serviços de
referência contam com equipes
multiprofissionais que devem
ter habilidade para escutar,
compreender e compartilhar
decisões com as PVHA de forma
clara e acessível, evitando
emitir juízo de valor que possa
levar a atitudes preconceituosas
e discriminatórias. O vínculo
estabelecido entre a equipe e o
usuário facilita o acompanhamento
e a adesão ao serviço. Faz com
que ele se sinta seguro, respeitado
e tenha confi ança para expressar
dúvidas relacionadas ao viver com
HIV e aids.
Os serviços devem estar aptos
para atender às necessidades
e garantir o acesso de gruposmais vulneráveis. É preciso
“abrir as portas do serviço”, o
que significa desde oferecer um
bom acolhimento até manter o
funcionamento do serviço o maior
tempo possível.
As PVHA também podem precisar
de algum acompanhamento não
disponível nos serviços de atenção
especializados (SAE). Nesses casos,
é importante estabelecer fluxos
de encaminhamentos nas redes de
referência e contra-referência.
A equipe de saúde deve buscar
mecanismos eficientes para
garantir que os usuários acessem
os serviços que necessitam.
Organizações comunitárias e
outros grupos de suporte às PVHA
são importantes parceiros na
formação de uma rede efi caz de
apoio social.
Os atendimentos individuais
são espaços privilegiados para a
discussão de aspectos relacionados
ao viver com HIV e aids, como a
revelação e compartilhamento
do diagnóstico, o direito à
confi dencialidade das informações,
a vivência da sexualidade, o
desejo de ter filhos, orientação nutricional, o uso de álcool e outras drogas, orientações sobre
DST, adesão ao tratamento
e acesso aos insumos de
prevenção, medicamentos e
exames.O aconselhamento, entendido
como um momento para
avaliação de riscos, vulnerabilidades e possibilidades
que cada um tem de se proteger, deve permear todos os
atendimentos. Em razão da sua importância, também pode ser estruturado como uma atividade
específi ca, para aumentar os espaços de discussão
das orientações, buscando saídas entre as PVHA para as
dificuldades encontradas.A participação das pessoas
que vivem com HIV e aids e a presença de organizações da sociedade civil no serviço de saúde devem ser estimuladas, pois, além de serem formas de
controle social da qualidade do atendimento, também ajudam a garantir que as necessidades
das PVHA sejam respondidas de forma satisfatória.                                                                                        DEPOIMENTO:                                                                                                                                    'A Vida é Bela e Vale a Pena Viver' 
Gil
Setembro 2000 a Fevereiro de 2001

Era 7 de setembro de 1995, dia da Independência do Brasil, data essa que quase ninguém se lembra de algum motivo para comemorar. Para mim jamais será esquecida, pois naquele dia descobri que o meu companheiro, com quem eu tinha vivido quatro anos e meio, e mesmo depois do fim do relacionamento continuávamos morando juntos, estava doente e já em estado avançado. Ele veio a falecer 38 dias depois. Foram dias de pânico, desespero...,até que ele se foi, eu não havia parado para pensar em mim. Na semana seguinte, mesmo com muito medo fui fazer o teste, e logo veio o resultado "positivo". Lembro-me que quando sai do hospital tudo era cinza, o chão desaparecia em baixo dos meus pés, o meu mundo caia e junto com ele todos os meus sonhos. Pensei que em breve morreria também. Com a ajuda de um amigo fui levado a um grupo de ajuda mútua e aos poucos fui aprendendo tudo a doença que até então eu era completamente leigo. A partir dali tudo era novo para mim. Médico, exames, enfim, com a ajuda dos amigos e o apoio que encontrei dentro do grupo, fui aprendendo a lidar com a situação.
Dois anos depois, quando minha vida começava a se encaminhar, sofri outro grande impacto com o meu afastamento do trabalho por terem descoberto a minha sorologia. Senti na pele a dor do preconceito e confesso que foi pior do que receber meu diagnóstico. Até hoje não consegui retornar ao trabalho, mesmo apresentando vários atestados que conferem a minha aptidão.

Tenho dedicado o meu tempo quase que integralmente ao grupo que me acolheu e hoje posso ser útil ajudando a outras pessoas.

A aderência aos medicamentos tem sido fundamental para manter-me saudável e com disposição para não desistir.

Hoje, sinto que viver com HIV não é nada agradável, preferia não ter, mas já que tenho, procuro viver bem com ele e continuo achando que 'a vida é bela e vale a pena viver

Nenhum comentário:

Postar um comentário